quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A importância da Musculatura do Assoalho Pélvico na Gestação

O que é Musculatura do Assoalho Pélvico (MAP)?

O fundo da pelve óssea (bacia) termina numa cavidade em forma de funil chamada cavidade pélvica, que contém osórgãos pélvicos (útero, ovários, bexiga...). O fundo deste funil (que na mulher adulta tem cerca de 10 cm de diâmetro), é fechado por uma espécie de "cama elástica" chamada assoalho pélvico.
O assoalho pélvico é formado por 13 músculos, conhecidos em conjunto como musculatura do assoalho pélvico(MAP), auxiliados por fáscias e ligamentos (que funcionam como elásticos biológicos).

A função de todo este conjunto é sustentar os órgãos pélvicos, como uma cama elástica sustenta o peso de alguém que pula sobre ela. Os elementos mais fortes e decisivos para este fim são os músculos.
A contração da MAP pode ser facilmente percebida internamente à vagina, logo na entrada e a alguns centímetros de profundidade. É ela a responsável pela sensação de pressão percebida durante a penetração e todo o ato sexual. Para localizar sua MAP na prática.



Quais as funções da MAP na mulher?
A MAP é perfurada por três canais: uretra, vagina e reto. Deste modo, sua contração tem a propriedade de amassar estes canais, auxiliando respectivamente na continência de urina (apertando a uretra), na função sexual (apertando a vagina) e na continência fecal (fechando o reto).
Por este motivo, quando a MAP está fraca ou lesionada ela não consegue contrair suficientemente sobre estes canais causando, respectivamente,incontinência urinária, disfunção sexual (flacidez vaginal) e incontinência de flatos ou fezes. Por outro lado, a contração exagerada, descoordenada ou inconsciente da MAP pode causar retenção urinária, vaginismo econstipação.
Além disso, numa guerra diária contra a gravidade, é a MAP que sustenta os órgãos pélvicos, além do bebê durante a gestação. Cada vez que algo empurra os órgãos para baixo (ao tossir, rir ou fazer algum outro esforço físico), a MAP precisa contrair-se vigorosamente para empurrar os órgãos para cima, evitando que eles saiam de suas posições normais. Se, por lesão ou fraqueza, a MAP não conseguir sustentar os órgãos, eles descem de suas posições originando o chamado prolapso genital (como o prolapso de bexiga ou bexiga caída).



Por que a MAP enfraquece?

Todas as situações que aumentam a pressão intraabdominal(tossir, espirrar, rir, levantar objetos pesados, praticar esportes - principalmente musculação) sobrecarregam a MAP. Como qualquer outro músculo do corpo, se a MAP não está forte o suficiente para responder a estes esforços, ela pode ir acumulando lesões e enfraquecendo progressivamente.
Na gestação, a força da MAP deve ser ainda maior já que, durante este período, o peso do conjunto formado pelo bebê, placenta, etc, gera uma sobrecarga de vários meses sobre aquela musculatura.
O trabalho de parto, independentemente de vaginal ou cesáreo, é o maior responsável por lesões do assoalho pélvico que levam aincontinência urinária ou fecal: praticamente todas as mulheres com filhos, após os 50 anos de idade, apresentam algum grau de fraqueza da MAP.
O assoalho pélvico é intimamente dependente do estrogênio (o hormônio sexual feminino). Com o avançar da idade, as taxas deste hormônio naturalmente decaem, sendo a menopausa o ponto culminante a partir do qual a MAP enfraquece muito mais rapidamente.
Alguns tipos de cirurgia ginecológica também podem acabar lesionando e enfraquecendo a MAP, o que explica por exemplo a ocorrência de incontinência urinária após alguns procedimentos.
Ou seja, de um modo geral o enfraquecimento da MAP é inerente aacontecimentos normais da vida de toda mulher, seja ela mãe ou não.

Função da MAP durante a gestação

A gestação é um período de grandes mudanças corporais e psicológicas na vida da mulher. Apesar de natural, este estado exige alguns novos cuidados para com a saúde. Hoje já é sabido que, dentre estes cuidados, os exercícios para a musculatura do assoalho pélvico (MAP) são indispensáveis.
A MAP fecha a parte inferior da pelve (veja mais em Descubra sua MAP). Por este motivo eles acabam sustentando o peso dos chamados órgãos pélvicos (útero, ovários, bexiga, etc), mantendo-os em suas posições normais dentro da cavidade pélvica, e sendo exigidos constantemente durante toda a vida a mulher para estabilizar qualquer tipo esforço, por menor que seja.
Os órgãos são sustentados por ligamentos e fáscias (elásticos biológicos que prendem os órgãos aos ossos). Como qualquer elástico, os ligamentos e fáscias não podem ser submetidos a tensão constante: eles podem ser exigidos apenas em períodos curtos de tempo. Do contrário eles vão sofrendo microlesões e por fim podem vir a ser rompidos. Quem evita este tipo de sobrecarga, e portanto de lesão, é justamente a MAP, que contrai-se vigorosamente empurrando os órgãos para cima durante os esforços, protegendo o trabalho dos ligamentos.
Quando a MAP está fraca os ligamentos são lesionados e falham em sua função de sustentação. Então os órgãos saem de sua posição natural (descem), ocasionando problemas como os prolapsos genitais e aincontinência urinária, comuns em mulheres em todas as faixas etárias. No entando, estes problemas são muito mais comuns em mulheres com um ou mais partos.
Durante a gestação, como se pode imaginar, a sobrecarga na MAP é radicalmente aumentada. Afinal, além de sustentar o peso constante dos órgãos pélvicos agora ela precisa sustentar todo o peso do bebê e dos anexos embrionários (placenta, líquido amniótico, etc), durante todo o dia - especialmente quando a mulher está em pé ou sentada.
Por este motivo seria ideal que a mulher, ao planejar ter filhos, treinasse sua MAP antes e durante a gestação. Os treinos de força, de coordenação motora da MAP e a massagem perineal são exemplos de terapias bastante úteis para minimizar os problemas descritos.
Ainda, é importante lembrar que problemas como incontinência urinária e prolapso genital podem surgir tanto no pós-parto imediato quanto tardiamente (anos depois).

Durante a gestação, MAP fortes oferecem um apoio maior ao útero, o que reduz a pressão sobre a bexiga e diminui as dores lombares, comuns neste período; evitam a sobrecarga nas fáscias e ligamentos, reduzindo o risco de prolapso genital e garantem uma recuperação mais rápida e tranquila após o parto.



Importância da MAP no parto vaginal ou cesário
O maior causador de lesão do assoalho pélvico é o parto. As lesões que originam os prolapsos genitais, por exemplo, podem ser visualizadas em mulheres que têm filhos, mas quase não são encontradas nas nulíparas (mulheres sem filhos), o que indica que o parto deve ser o maior responsável por estas lesões.

Mas ao contrário do que se pode imaginar, não é o parto normal o único responsável por este tipo de lesão. As lesões do assoalho pélvico ocorrem duranto o segundo estágio do trabalho de parto (ou período expulsivo), onde as contrações uterinas mais fortes fazem com que a cabeça do bebê seja projetada repetidamente contra o assoalho pélvico. É neste período que acontece a dilatação do colo uterino.
É importante frisar que o período expulsivo está presente tanto no parto normal quanto na maioria dos partos cesários. É comum que a cesária seja inciada quando o colo uterino já começou a se dilatar, ou seja, com o período expulsivo já inciado. Em suma, ao serem alcançados os nove centímetros de dilatação do colo uterino, o que havia para ser lesionado já o foi.
Músculo preparado corre menos risco de lesão. Assim, a mensagem que fica é que, tanto para o parto normal quanto para a cesariana, a MAP deve ser preparada - com exercícios. Em conjunto, os treinos de força, de coordenação motora da MAP e a massagem perineal durante a preparação para o parto, todos executados por fisioterapeuta especializado, podem minimizar em muito os riscos.

A lesão da MAP pelo parto desaparece logo ou é duradoura?
Durante a passagem do bebê a MAP é distendida mais de três vezes acima de sua capacidade normal de resistência. Ainda, durante o encaixe e expulsão do bebê, a inervação local sofre um longo período de compressão. A compressão contínua de uma inervação dificulta sua oxigenação e pode comprometer seu funcionamento. Na prática, um nervo lesionado leva ao mal funcionamento das estruturas inervadas por ele, no caso, a MAP, bexiga, uretra, vagina e esfíncter anal.
De fato, estudos vêm mostrando que a função elétrica (funcionamento) do nervo pudendo (que inerva a região uro-genital) é reduzida em mulheres que tiveram partos, especialmente partos normais.
Mas, normalmente, as lesões por compressão nervosa tendem a regredir em algumas semanas ou, nos casos de partos mais demorados, logo nos primeiros meses.
Já para os casos de lesão muscular ou ligamentar, a correção normalmente precisa ser cirúrgica. Em alguns casos, mais brandos, exercícios específicos de fortalecimento da MAP podem fazer com que essa musculatura melhore a sustentação dos órgãos pélvicos, não necessitando cirurgia.
Não é difícil imaginar que se a MAP contrair-se durante a passagem do bebê, a lesão pode ser maior. Desta forma, mulheres que exercitam regularmente sua MAP, apresentando assim um grau maior de coordenação motora e controle da musculatura, apresentam grande vantagem.
Mulheres que dominam os exercícios perineais têm maior facilidade em relaxar a MAPpara permitir a passagem mais tranquila do bebê, e ao mesmo tempo contrair os abdominais, ajudando na expulsão. A respiração lenta e profunda trabalhada nestes exercícios ajuda a economizar energias para o momento da expulsão.
Para o parto normal, o movimento exigido da mulher leva a  contração da musculatura abdominal e relaxamento da MAP. Contudo, exercícios não orientados durante a gestação oferecem grande risco, e portanto só são indicados com o aval de um profissional competente.
Outra técnica útil na preparação para o parto vaginal é a massagem perineal. Quando realizada de maneira correta, no período certo e com frequência adequada ela tende a aumentar na elasticidade e alongamento da entrada da vagina, importante para o momento da passagem do bebê. Pode-se inclusive minimizar ou até evitar a necessidade de episiotomia (pequeno corte realizado pelo obstetra na entrada do canal vaginal para facilitar a passagem do bebê).
Fonte: http://www.perineo.net/conteudo/gestacao.php

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O fisioterapeuta como profissional de suporte à parturiente


A assistência profissional atual ao processo do parto é muitas vezes organizada de acordo com as necessidades das instituições e não das parturientes, e por isso vem exigindo atitudes e procedimentos que priorizem a qualidade da atenção prestada, ultrapassando o modelo de atenção centrado apenas no monitoramento e controle de risco.
Se o processo de gestar e parir forem encarado como um evento biopsicossocial, onde a escolha de procedimentos que permitam a participação ativa da mulher pode facilitar a promoção da saúde, a proteção ao nascimento e tornar esta experiência muito satisfatória para a mulher.
No Brasil o programa de humanização do parto e nascimento lançado em 2000 pelo Ministério da Saúde, vem tentando recuperar a participação mais ativa da gestante de baixo risco durante o processo de parturição, buscando implementar condutas baseadas em evidências científicas, incentivo ao parto vaginal, e assistência menos intervencionista.
A presença do fisioterapeuta no acompanhamento do trabalho de parto não é uma prática estabelecida em nossa sociedade e muito menos incluída no sistema de saúde. Porém, o fisioterapeuta tem a importante função de orientar e conscientizar a mulher para que ela desenvolva  toda a sua potencialidade, que será exigida neste momento, tornando-a mais segura e confiante.
A dor no trabalho de parto e parto é um importante obstáculo que pode ser encarado e vivenciado de forma positiva pela mulher e por seus familiares. Para isso, ela necessita estar preparada e consciente da necessidade de manter-se calma e relaxada durante todo o trabalho de parto.
A intervenção fisioterápica na assistência obstétrica de baixo risco, como parte da rotina da equipe, valoriza a responsabilidade da gestante no processo, por meio do uso ativo do próprio corpo.  A mobilidade corporal durante o processo de parturição, envolve interação de fatores fisiológicos, psicológicos, culturais e principalmente, o apoio e a orientação da equipe obstétrica. A ação do fisioterapeuta é um fator estimulante para que a mulher se conscientize de seu corpo ativo pode ser uma ferramenta para facilitar o processo do trabalho de parto e trazer-lhe satisfação com a experiência do nascimento.
Algumas técnicas fisioterápicas podem ser aplicadas à parturiente de baixo risco para proporcionar conforto, alívio da dor, relaxamento e confiança em relação ao próprio corpo. Estimulando à deambulação, adoção de posturas verticais, exercícios respiratórios, analgesia através da neuroestimulação transcutânia (TENS), massagens, banhos quentes, crioterapia e relaxamento.
Para quem quiser ler e salvar o artigo, aqui está o link para o texto completo na SciELO: Artigo


Algumas posições que ajudam na hora do parto: