segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pré- eclâmpsia




olá meninas, bom como nestes últimos dias tem surgido muitas dúvidas a respeito dessa complicação na gestação resolvi postar essa reportagem feita por uma obstetra muito conceituada... Espero que ajudem vocês!!!


Dra. Melania Amorim

A hipertensão complica cerca de 10% de todas as gestações, e pode se apresentar como pré-eclâmpsia (ou, nos casos mais graves, eclâmpsia), hipertensão crônica, hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superposta e hipertensão gestacional. De acordo com um consenso realizado em 2000 nos EUA (National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Pregnancy), através de uma combinação de medicina baseada em evidências com a opinião de especialistas, a definição de pré-eclâmpsia é dada por hipertensão (pressão arterial sistólica maior ou igual que 140mmHg e/ou diastólica maior ou igual que 90mmHg), que surge depois de 20 semanas de gravidez, associada com proteinúria (excreção de proteína na urina) > 300mg nas 24 horas. Esta é a classificação adotada atualmente no IMIP – Instituto Materno Infantil de Pernambuco em Recife (PE).


A presença de edema não faz mais parte dos critérios diagnósticos, porque não apresenta correlação com o prognóstico gestacional, visto que grávidas perfeitamente normais podem apresentar edema, mesmo edema generalizado. Exames como hemograma, uréia, creatinina, ácido úrico, contagem de plaquetas, testes de função hepática (transaminases) e bilirrubinas fazem parte da propedêutica complementar, mas não dos critérios diagnósticos. Estes exames servem para avaliar a gravidade da pré-eclâmpsia, mas o diagnóstico não depende de sua alteração.

A pré-eclâmpsia pode se sobrepor a uma hipertensão crônica pré-existente, quando então é dita pré-eclâmpsia superposta. Somente a pressão alta não permite o diagnóstico de pré-eclâmpsia. Existe a hipertensão gestacional, em que surge a hipertensão no final da gravidez e que é transitória, não se associa com proteinúria, nem riscos maiores para a mãe e para o bebê. Nessa circunstância, recomenda-se tranqüilizar a gestante, realizar os exames para afastar pré-eclâmpsia, avaliar o bem-estar fetal, e pode-se aguardar o trabalho de parto espontâneo. A hipertensão gestacional não indica a cesariana, e habitualmente também não requer a antecipação do parto, exceto se os níveis tensionais estão muito elevados (por exemplo, 160x110mmHg ou mais).

A pré-eclâmpsia é associada com algumas complicações, como o risco de eclâmpsia (a crise convulsiva), síndrome HELLP (há comprometimento do fígado, das plaquetas e anemia), descolamento prematuro de placenta, alterações da vitalidade fetal e aumento da morbidade e mortalidade neonatal. Entretanto, NÃO constitui indicação de cesárea. A indicação de interromper a gravidez vai depender da idade gestacional, da gravidade da pré-eclâmpsia e da presença ou não de complicações. 

Antes de 34 semanas, e na ausência de complicações maternas ou fetais, é possível manter conduta conservadora nos casos de pré-eclâmpsia grave, para aguardar a maturidade fetal. Nesses casos, recomenda-se administrar corticóide (betametasona) para acelerar a maturação pulmonar do bebê. Drogas hipotensoras, como alfametildopa e bloqueadores dos canais de cálcio, são administradas para tentar controlar a pressão arterial. A partir de 34 semanas, em geral indica-se a interrupção da gravidez, que pode também ser necessária antes dessa idade gestacional, se surgirem complicações colocando em risco o bem-estar da gestante ou do bebê.
Entretanto, o parto vaginal é possível, e a cesárea será realizada somente se houver indicação específica e não pela pré-eclâmpsia per se. É claro que a chance de cesárea está aumentada, em virtude de algumas complicações (como o descolamento prematuro de placenta e alterações da vitalidade fetal, por exemplo) indicarem o parto imediato, porém em muitos casos pode ocorrer o parto normal, sem riscos para a mulher. O parto normal é preferível em diversas circunstâncias, porque os distúrbios da coagulação podem complicar a pré-eclâmpsia, e o risco de sangramento é, evidentemente, muito maior na cesariana em relação ao parto normal. Além disso, se houver redução acentuada da contagem de plaquetas (abaixo de 70.000/mm3), não pode ser feita anestesia regional (raquidiana ou peridural) e, na cesariana, a anestesia terá que ser geral, com maiores riscos.

Indução do parto também pode estar indicada em mulheres com pré-eclâmpsia, quando há a indicação de interrupção da gravidez, porém ainda não se desencadeou o trabalho de parto. Como o colo do útero pode não estar dilatado, utilizam-se geralmente comprimidos vaginais de misoprostol (um análogo das prostaglandinas). Deve-se monitorizar a freqüência cardíaca fetal e a contratilidade uterina. Em um trabalho recentemente realizado no IMIP, a taxa de partos normais após indução em mulheres com pré-eclâmpsia a termo foi de 74%. 


O sulfato de magnésio está indicado para prevenção da eclâmpsia, e evidências consistentes, incluindo uma revisão sistemática da Biblioteca Cochrane, indicam que a droga é efetiva para reduzir a incidência de eclâmpsia e a morte materna, sem efeitos prejudiciais para o concepto. É possível que, durante o trabalho de parto, como o sulfato de magnésio diminui as contrações uterinas, seja necessário o uso de ocitocina.

Nos casos de pré-eclâmpsia leve, não há indicação geralmente de antecipar o parto, podendo-se aguardar até 40 semanas, desde que os níveis tensionais estejam controlados, gestante e feto em boas condições. Entretanto, devem ser amiudadas as consultas pré-natais, visando a detectar uma possível evolução do quadro para pré-eclâmpsia grave. Dieta equilibrada, repouso relativo, períodos de descanso em decúbito lateral esquerdo, também são recomendados. O parto normal, espontâneo, é perfeitamente possível nesta situação. 


O ideal seria, realmente, prevenir, evitar a pré-eclâmpsia. Sabe-se que algumas mulheres têm maior risco: as que engravidam pela primeira vez, as hipertensas crônicas, as obesas e aquelas com história familiar de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia. Quem já teve pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em gestação anterior também tem risco aumentado de desenvolver novamente a doença nas gestações seguintes. Estão envolvidos mecanismos genéticos, imunológicos, e uma série de mediadores bioquímicos, como prostaglandinas, endoperóxidos, radicais livres, citocinas... Todos estão relacionados ao processo de desenvolvimento da placenta, porque por algum motivo, genético-imunológico, ainda não completamente desvendado, não ocorre penetração adequada da placenta nas camadas do útero, e a unidade útero-placentária não é bem perfundida (oxigenada). Essa isquemia é que leva ao desencadeamento das alterações bioquímicas, que acabam por induzir hipertensão, proteinúria e efeitos diversos em vários órgãos e sistemas, incluindo rins, fígado, cérebro, coagulação sanguínea...

Infelizmente a prevenção ideal ainda não foi encontrada. Alguns estudos apontam que a suplementação de cálcio em populações com baixa ingestão pode prevenir a ocorrência de pré-eclâmpsia. Em mulheres com risco elevado, parece haver efeito benéfico o uso de aspirina em baixas doses, e recentemente tem sido proposta a suplementação das vitaminas C e E (estudos clínicos estão em andamento). Recomendações básicas são manter uma dieta equilibrada, tentar se enquadrar dentro dos limites normais de peso antes de engravidar e não ganhar peso excessivamente durante a gestação. 

Melania Amorim é ginecologista e obstetra, fez residência médica no IMIP (Recife-PE) e doutorado em ginecologia e obstetrícia na UNICAMP (São Paulo). Atualmente é professora do mestrado em saúde materno-infantil do IMIP e plantonista da UTI obstétrica desta instituição, mas o que gosta mesmo é de assistir partos normais, com ou sem pré-eclâmpsia.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Quando é necessário fazer cesariana?

Conheça os principais motivos alegados pelos médicos – e entenda porque nem todos eles significam que a cesárea seja, de fato, a única opção.
Livia Valim, especial para o iG São Paulo | 02/02/2011 12:30

O Brasil é recordista mundial em número de cesarianas. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 15% dos partos sejam feitos desta forma, na rede médica particular brasileira este número chega a 84%, segundo dado da Agência Nacional de Saúde. As razões são muitas: desde remuneração insuficiente por parte dos convênios aos médicos que fazem parto natural até o medo das dores do parto. No entanto, o parto normal tem várias vantagens, como recuperação mais rápida e menos dolorida da mãe, menor risco de infecções e hemorragias e menor risco de dificuldade respiratória no bebê. O mais importante é que a escolha seja feita pela principal personagem desta história: a mãe.
“Como donos da informação, muitos obstetras não admitem questionamentos”, diz a ginecologista e obstetra Melania Amorim. “É difícil argumentar quando não se tem essas informações. Afinal de contas, quem está dizendo isso é o médico em quem a mulher confia e que acompanhou todo o pré-natal”, completa a obstetra Andrea Campos.

Os argumentos listados abaixo são comumente ouvidos pelas gestantes, mas nem sempre significam que à mãe só resta a opção da cesárea. Use toda informação a seu favor – até para encontrar um obstetra alinhado com seus objetivos. O ideal é que, em cada caso abaixo, o médico seja claro em relação às porcentagens reais de risco e ofereça informações completas para a escolha da mãe.

“O bebê está com o cordão enrolado”
“A ocorrência é muito comum e acomete até 40% dos partos”, conta Melania. Só que o diagnóstico de circular de cordão – quando o cordão umbilical está enrolado em qualquer parte do corpo do bebê – não é determinante, porque ele se mexe dentro da barriga o tempo todo. A ultrassonografia pode mostrar uma circular que irá se desfazer e o bebê nascer sem circular – ou, ao contrário, o bebê pode não apresentar circular no ultrassom e nascer com circular. “O bebê não ‘respira’ como nós, ele está em um meio líquido, seu pulmão é fechado e sua oxigenação é através do cordão umbilical. Ao nascer e observar a presença de circular, apenas retira-se, como um ‘cachecol’, pela cabeça ou corpinho”, explica a obstetra Mariana Simões.


“Você está com a pressão alta” ou “Você está com a pressão baixa”
A pressão baixa é comum na gravidez, não requer nenhuma medida drástica. Já a pressão alta pode levar a uma interrupção da gestação – não necessariamente cirúrgica. “Isso pode ser feito através da indução de um parto normal”, explica a Andrea Campos. Os obstetras podem se utilizar de hormônios ou procedimentos mecânicos, como o rompimento artificial da bolsa ou exames de toque vigorosos.


“O bebê não está encaixado”
O posicionamento correto do bebê pode acontecer só durante o trabalho de parto. São as contrações efetivas que fazem com que ele “desça” e se encaixe.

“O bebê passou do tempo”
“Bebês não ‘passam do tempo’, apenas têm um tempo diferente de maturidade. Segundo estudos mais recentes, após 41 semanas e 1 dia deve haver acompanhamento, mas não interrupção com cesárea”, diz Mariana. De qualquer forma, mesmo nestes casos a solução não é só a cesárea – também dá para acelerar ou induzir o trabalho de parto.


“Os batimentos do bebê estão acelerados”
Bebês dormem e se movimentam. Como nós, se dormimos ou estamos em repouso, há uma queda do batimento. Se nos agitamos, os batimentos se aceleram. Agora, se há uma aceleração persistente e foram excluídas causas fisiológicas – como taquicardia ou febre da mãe – pode ser indício de sofrimento fetal. “Neste caso, a cesariana pode ser necessária”, alerta Andrea.


“A cabeça do bebê é muito grande”
A desproporção céfalo-pélvica é um motivo real para escolher pela cesariana, mas o problema está no diagnóstico. “Muitas vezes usa-se esta desculpa antes do trabalho de parto, mas só dá para saber que existe a desproporção durante o trabalho de parto”, conta Melania. O problema acontece quando a cabeça do bebê não consegue passar pela parte mais estreita da bacia da mãe, mesmo quando a dilatação do colo uterino já é total. Por isso, é recomendável que mesmo quem opta pelo parto normal tenha uma estrutura de hospitalar à disposição.


“O bebê é muito grande”
A ultrassonografia não é precisa para determinar o peso do bebê. Mesmo assim, bebês com mais de 4 kg ainda podem nascer de parto normal. “Desde que a mãe não tenha uma diabetes descompensada, isso não é problema. O bebê geralmente tem o tamanho que passaria pela pelve”, conta Andrea.


“Você já fez uma cesárea anteriormente”
Muitas mulheres ficam surpresas e não acreditam que, mesmo depois de terem passado por uma cesárea, podem ter o segundo filho de parto normal. “Com até duas cesáreas anteriores, os riscos reais em trabalho de parto natural (sem indução farmacológica) é de cerca de 0,5%. Já com três cesáreas anteriores, pode-se haver até 5% de riscos de ruptura uterina e esse número para a medicina é considerado um valor alto”, descreve Mariana.


“Você não tem dilatação”
Antes do trabalho de parto, é normal não haver dilatação. Em geral, o colo só se dilata significativamente durante o processo. O que caracteriza o trabalho de parto são as contrações regulares a cada três minutos, com duração de em média três minutos. Antes disso, não há razão para esperar uma dilatação.


“Você está constipada”
“A constipação intestinal não exerce nenhuma influência sobre o parto”, garante Andrea. Nesses casos, complicações da cesárea podem agravar o quadro, já que o intestino pode ficar paralisado por algum tempo.


"O período expulsivo está demorando muito"
O período expulsivo é a segunda fase do parto natural. Ele vai da hora em que a dilatação está completa até o momento em que o bebê efetivamente nasce. Os limites toleráveis para a duração do período expulsivo são muito variáveis. “Há quem indique cesárea depois de 30 ou 40 minutos de período expulsivo. Mas, com analgesia, o ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists) considera segura uma duração de até 3 horas. Sem analgesia, 2 horas”, explica Melania. Antes disso, outras medidas podem ser tomadas, como a prescrição de ocitocina (hormônio que acelera as contrações), vácuo-extração ou fórceps. “Mas eu diria que só chegar a período expulsivo hoje no Brasil é uma vitória. A maioria das cesáreas são eletivas, realizadas antes do trabalho de parto”, lamenta Melania. E, consequentemente, antes de ser possível avaliar a real necessidade da intervenção cirúrgica.


Quando a cesárea necessária

Existem, sim, muitos casos em que ela pode salvar a vida da mãe e do feto. Mas a maioria das justificativas aparecem só durante o trabalho de parto. E mesmo as cesáreas eletivas – ou seja, marcadas – podem esperar este momento para ter certeza que o bebê está pronto para vir ao mundo. Veja alguns motivos que podem levar à cesariana e entenda porque, nestes casos, a intervenção cirúrgica é melhor:
- Estado Fetal Intranquilizador (sofrimento fetal): quando o bebê não está bem e o nascimento precisa ocorrer prontamente – e a cesárea é a via de parto mais rápida.

- Apresentação córmica: quando o bebê está atravessado no momento do trabalho de parto.

- Hemorragias maternas no final da gravidez: podem ocorrer por descolamento da placenta (quando a placenta descola antes de o bebê nascer) ou placenta prévia (quando a placenta recobre o colo do útero). As duas pedem uma cesárea. Mas sangramentos pequenos podem acontecer também pela dilatação do colo do útero e, neste caso, não há necessidade de cirurgia.

- Mãe portadora do HIV: pesquisadores do International HIV Group analisaram diversos estudos e concluíram que as chances de transmissão do vírus da mãe para o bebê diminui em 50% se feita a cesariana programada.

- Apresentação pélvica em primigesta (bebê sentado em mulheres que nunca pariram): o bebê pode nascer sentado, mas nestes casos o risco relativo do parto normal é maior que o da cesárea.


- Herpes genital com lesão ativa: há maior chance de o bebê se infectar durante o parto normal do que na cesariana eletiva.

- Prolapso de cordão: o cordão sai antes do bebê. O problema é que quando o bebê passa pelo canal, quando feito o parto normal, provoca uma pressão no cordão, impedindo a passagem de sangue para a criança.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Plano de Parto

Para todas as gestantes que tem dúvidas sobre plano de parto.


O que é

O plano de parto é uma lista de itens relacionados ao parto, sobre os quais você pensou e refletiu. Isto inclui escolher onde você quer ter seu bebê, quem vai estar presente, quais são os procedimentos médicos que você aceita e quais você prefere evitar.
Nos EUA, onde começou a ser difundido, o plano funciona como uma carta, onde a gestante diz como prefere passar pelas diversas fases do trabalho de parto e como gostaria que seu bebê fosse cuidado após o nascimento.
No entanto, acreditamos que o maior valor do plano de parto é justamente propiciar uma maior reflexão e compreensão sobre o tipo de parto que você prefere. É um exercício que pode ajudá-la a definir aquilo que é importante para você, e com esta informação em mãos, fazer com que esteja mais bem preparada para conversar com seu médico. Não se trata, portanto, de uma lista de ordens, mas de um ponto de partida para a conversa.

Porque fazer

Os casais brasileiros estão percebendo cada vez mais que os médicos e profissionais da saúde bem-intencionados nem sempre têm respaldo científico que sustentem as práticas obstétricas comuns e que muitas dessas práticas são adotadas simplesmente por serem parte de uma tradição médico-hospitalar.
Nos últimos quarenta anos muitos procedimentos artificiais foram introduzidos, de modo a transformar o nascimento de evento fisiológico natural em um complicado procedimento médico no qual todo tipo de droga é usada, todo tipo de procedimento é aplicado, muitas vezes desnecessariamente e alguns dos quais potencialmente prejudiciais ao bebê e até à mãe.
Está cada vez mais claro que todos os aspectos dos cuidados médicos hospitalares tradicionais no Brasil devem ser revistos e questionados criteriosamente sob a luz do respaldo científico em relação aos possíveis efeitos sobre o bebê e a parturiente.
A gestante/parturiente tem o direito de participar das decisões que envolvem seu bem estar e o do bebê que ela está gestando, a menos que haja uma inequívoca emergência médica que impeça sua participação consciente. Ela tem o direito de saber exatamente os benefícios e prejuízos que cada procedimento, exame ou manobra médica pode provocar a ela e/ou ao seu bebê. 
Todas essas informações devem ser fornecidas com base nas evidências científicas. Abaixo você poderá se inteirar das variáveis que acontecem no atendimento ao parto, sobre as quais você pode ter alguma influência. Ao lado de cada variável, procedimento ou atitude, segue uma explicação baseada em evidências científicas.
Esses detalhes podem fazer uma grande diferença para o seu parto, tornando-o uma experiência mais intensa e enriquecedora para toda a família. Analise-as com cuidado junto ao seu parceiro e explique ao seu médico o quanto elas são importantes para você.
Ana Cris Duarte
Condutas e procedimentos médicos
- durante o trabalho de parto
- durante o parto em si
- no pós-parto
- em caso de cesárea

DURANTE O TRABALHO DE PARTO
Você Quer?
Explicação
1) Presença de um acompanhante de sua escolha durante todo o parto, da admissão ao nascimento.
Elimina o estresse da separação. Seu parceiro pode provê-la com suporte emocional durante o trabalho de parto e durante todos os procedimentos necessários. A presença do pai propicia a formação dos laços familiares com o novo membro que vai nascer. É direito garantido por lei federal.
2) Presença de outras pessoas da família ou amigos durante o trabalho de parto e parto.
A presença de outras pessoas da família ou amigos pode significar mais apoio para você e seu parceiro. Não há aumento na incidência de infecções, desde que essas pessoas não apresentem sinais de doença (por exemplo, coriza ou diarréia)
3) Lavagem Intestinal (Enema, Fleet-Enema, Enteroclisma).
A lavagem intestinal é desconfortável e desnecessária se você teve funcionamento normal do intestino nas últimas 24h. No entanto, se você estiver constipada, poderá a qualquer momento solicitar uma aplicação.
4) Liberdade para caminhar.
Caminhar estimula o útero a funcionar eficientemente. Os trabalhos de parto que incluem livre caminhar são mais curtos e menos propensos a receber medicamentos analgésicos.
5) Liberdade para mudar de posição.
Sentar, deitar de lado, ajoelhar, acocorar, cada posição pode funcionar melhor ou ser mais confortável em diferentes momentos do trabalho de parto.
6) Uso da água no trabalho de parto.
Passar parte(s) do trabalho de parto sob o chuveiro ou imersa numa banheira diminui a necessidade de medicamentos para dor.
7) Bebidas e alimentos com alto teor de carboidratos e pouca gordura à vontade.
Alimentos ricos em carboidratos e pobres em gordura permitem digestão rápida e suprimento energético necessário durante o trabalho de parto. Líquidos previnem a desidratação.
8) Água e bebidas leves.
Você pode ficar com a sensação de boca seca por causa das técnicas de respiração.
9) Objetos pessoais (camisola pessoal, música, flores).
Objetos familiares podem melhorar a experiência do parto ao permitir um melhor relaxamento e mais conforto.
10) Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) apenas se desejado.
A raspagem dos pelos não diminui a incidência de infecções e o crescimento no período de pós-parto pode ser bastante desconfortável.
11) Infusão intravenosa apenas se houver indicação médica.
A infusão intravenosa restringe a mobilidade e interfere no relaxamento. A ingestão de líquidos leves no trabalho de parto reduz a chance de desidratação. As hemorragias em partos espontâneos e não medicamentosos são muito raras para justificar o uso de infusão preventiva.
12) Monitoramento fetal eletrônico apenas se houver indicação médica.
Em parturientes de baixo risco, a auscultação intermitente dos batimentos cardíacos fetais por uma enfermeira ou parteira treinada demonstrou ser tão efetivo quanto o uso do monitoramento fetal eletrônico. Além disso, o aparelho restringe o movimento, podendo ser também bastante incômodo. Geralmente as mulheres são instruídas a deitar de costas, posição que pode ser muito desconfortável e ter ação negativa sobre o trabalho de parto e o bebê. O uso intermitente do monitor pode ser uma alternativa.
13) Rompimento espontâneo da bolsa das águas.
O líquido amniótico contido na bolsa tem um efeito de proteção, equalizando a pressão sobre o bebê, o que resulta em menos pressão na cabeça. O rompimento artificial das membranas aumenta as chances de infecção e cria um limite de tempo para o parto, além de resultar em contrações geralmente mais dolorosas.
14) Medicação para alívio da dor administrada apenas quando solicitado por você e com informações completas sobre possíveis efeitos sobre você, o bebê e o trabalho de parto.
Todo e qualquer medicamento tem um efeito potencial que pode afetar você, seu bebê e seu trabalho de parto. Saber de antemão os benefícios e riscos dos medicamentos usados pelo médico permitem que você faça escolhas conscientes.
15) Presença de acompanhante de parto profissional para suporte contínuo (massagista, fisioterapeuta, doula, enfermeira ou obstetriz sem vínculo com o hospital).
Um profissional experiente, que tenha um comprometimento com você em relação ao tipo de parto que você deseja, pode oferecer importantes informações adicionais. A presença de uma doula pode reduzir suas chances de ter uma cesárea em até 50%, tornar o trabalho de parto mais curto, fazer o uso de ocitocina menos necessário, reduzir a necessidade de anestesia e de uso do forceps. Uma massagista ou terapeuta

Fonte: http://www.amigasdoparto.com.br/plano.html